Pesquisa da Pulses revelou que funcionários que se sentem valorizados tendem a ser 2,4 vezes mais comprometidos com a empresa
À medida que a vacinação avança, chega o momento de decisão para as empresas: manter ou não o home office? No que depender do trabalhador brasileiro, parece que o trabalho remoto vai permanecer. De acordo com uma pesquisa da Salesforce, 57% dos colaboradores gostariam de seguir trabalhando de casa mesmo com o fim da pandemia. Outro levantamento da consultoria Mercer também mostrou que 83% das empresas afirmaram que vão oferecer algum tipo de flexibilidade quanto ao local de trabalho, e um a cada três empregadores destacaram que pelo menos 50% dos seus colaboradores vão seguir em home office no pós-pandemia.
Mas, para seguir à distância, alguns desafios vão precisar ser levados em consideração. Uma das maiores preocupações dos gestores, por exemplo, é sobre o engajamento. Como seguir motivando o time sem os encontros presenciais? A resposta, segundo uma pesquisa da Pulses, empresa que tem soluções de clima organizacional medidos de forma contínua, está no feedback. A empresa fez um levantamento na sua base de dados, que tem mais de 120 mil colaboradores de diferentes portes e segmentos, do primeiro semestre de 2021. O resultado mostrou que os funcionários que se sentem mais satisfeitos com a qualidade e a frequência do reconhecimento tendem a ser 2,4 vezes mais engajados do que aqueles que não percebem.
“As empresas que compreendem esses mecanismos que estão nos ‘bastidores das relações’ promovem e incentivam a troca de reconhecimento entre as pessoas, pois sabem que é no vínculo que está a energia do engajamento. Ou seja, muito da nossa motivação e energia de realização vem de recarregar nossa ‘bateria interna’ de reconhecimentos”, explica Renato Navas, Head de People Science da Pulses.
É o caso da WK Sistemas, empresa que desenvolve softwares de gestão empresarial. A companhia tem uma política para estimular a cultura da horizontalidade nas relações e um programa de feedbacks para que os gestores deem retornos regulares aos colaboradores. E uma pesquisa interna mostrou que as iniciativas têm dado certo: o índice de satisfação com a empresa ficou em 95% para os funcionários que tiveram pelo menos três feedbacks nos últimos três meses. Para quem recebeu apenas um, o índice ficou em 82%. “Um colaborador reconhecido tem mais autonomia para trabalhar e, consequentemente, muito mais criatividade para encontrar soluções para os desafios que a empresa enfrenta. Isso acaba refletindo diretamente no engajamento, já que conseguimos criar times que se preocupam com todos os processos da organização”, destaca Cláudia Rutzen, diretora administrativa da WK.
Feedback deve ser estimulado também entre colaboradores indiretos
Para Camila Krespi, analista financeira da WK, ter uma troca de feedbacks constantes com a equipe ainda ajuda a diminuir dificuldades de comunicação. “É comum que surjam alguns entraves entre pessoas com personalidades diferentes ou que não sejam muito próximas, como no caso de equipes mais distantes operacionalmente. Ter uma comunicação mais direta através dos feedbacks pontuais pode ajudar muito no dia a dia e no entrosamento do time”, comenta.
É nessa troca horizontal que aposta a Tera, startup de educação para economia digital. A empresa iniciou seu processo de feedbacks com rodadas entre colaboradores que trabalham de forma direta e indireta entre si. Os registros e acompanhamentos são feitos através de planilhas no Google Sheets, que depois são explorados em uma videochamada onde os profissionais podem conversar sobre cada um dos pontos abordados. “O bacana é que, além do colaborador receber um feedback do seu líder, ele também pode escolher um colega próximo e outro que não faça parte do seu círculo de trabalho, mas que pode colaborar com sua evolução. Isso equilibra as visões e traz mais clareza sobre os pontos de melhoria”, explica Leandro Herrera, CEO e fundador da edtech.
Sobre as mudanças observadas após implementar a iniciativa, ele conta que foram somente positivas. “A equipe passou a trocar mais sobre o trabalho uns dos outros e a colaborar entre si. As pessoas passam a perceber um olhar direcionado ao desenvolvimento, então engajam mais por verem possibilidade de evoluir e melhorar”, conta.
Home office: um desafio extra na motivação do reconhecimento
Principalmente no home office, motivar os colaboradores nem sempre é uma tarefa fácil. Para resolver esse problema, a Payface, fintech de reconhecimento facial para pagamentos, optou por trazer os feedbacks para novas plataformas, apoiando o RH na consolidação da cultura organizacional e ainda oferecendo um ambiente que funciona quase como uma rede social interna do negócio.
“Já usamos como prática desde o início da empresa, mas como ferramenta operacional há apenas três meses. Agora, nós passamos a ter maior visibilidade do uso e da recorrência dessa prática, se tornado uma ação mais consciente para todos da equipe”, conta Bruna Adriano, head de Pessoas e Gestão do Conhecimento da empresa. “Como um dos nossos valores é ‘jogar como um time’, a cultura de feedback coloca isso em um novo patamar, tornando as construções ainda mais coletivas e compartilhadas”, completa.
Bonificação também é forma de reconhecimento
Para além das reuniões de 1:1 e iniciativas que reforcem a troca de feedbacks, as políticas de compensação financeira da empresa (como remuneração, premiações e bonificações) também são importantes formas de reconhecer o investimento no trabalho por parte dos colaboradores. Na Involves, empresa que desenvolve tecnologia para indústria e varejo, a possibilidade de aumentos salariais acontece a qualquer momento do ciclo de avaliação do desempenho. Isso porque a organização não usa apenas o resultado das avaliações como métrica para oferecer essa forma de reconhecimento. Além disso, a empresa constrói e atualiza sua tabela salarial de acordo com o mercado, comparando os valores com as remunerações oferecidas por concorrentes. “A empatia, o ‘eu sendo eu’, é um dos valores da Involves e os feedbacks, tanto de reconhecimento quanto de melhoria, são a nossa forma de criar conexões significativas entre as pessoas”, destaca Jéssica Costa, People Operations Coordinator da Involves.